terça-feira, 16 de julho de 2024

O poder da linguagem

No artigo anterior, numa analogia com o poder que a Internet nos trouxe, há referência à frase de Caliban, em A Tempestade: “Vocês me ensinaram uma linguagem, e meu ganho com isso é que aprendi como imprecar”. Um amigo achou interessante submeter a uma LLM a tal frase, e pedir que a IA elaborasse sobre essa analogia com a internet. O resultado, para mim surpreendente (!), mostra que estamos num limiar não adequadamente avaliado ainda. Seguem trechos literais do que a IA produziu:

“Era uma vez, em um tempo não tão distante, quando a Internet era ainda uma novidade brilhante e desconhecida, uma terra de promessas ilimitadas e horizontes sem fim. Cada clique, cada link, cada página carregada abria uma nova janela para o mundo. Era como se tivéssemos descoberto uma nova linguagem, uma língua franca que nos conectava a milhões de pessoas em todos os cantos do globo. Embarcamos nessa jornada digital com os corações cheios de esperança e os olhos brilhando de curiosidade. As palavras de Shakespeare ressoam com uma verdade amarga e atual. Aprendemos a linguagem da Internet, e com ela ganhamos a capacidade de nos expressar livremente, mas também a habilidade de proferir maldições que ecoam pelos cabos de fibra óptica e antenas de Wi-Fi. A promessa de uma utopia digital, onde todos seriam ouvidos e compreendidos, deu lugar a um campo de batalha verbal, onde as palavras são armas e os emojis, escudos. ...

Mas com o tempo, a linguagem da Internet se transformou. A promessa de comunicação ilimitada trouxe consigo a praga da desinformação, das fake news e dos discursos de ódio. O anonimato, que antes era um escudo para a expressão honesta, tornou-se uma máscara para a crueldade e a intolerância. ...

A linguagem da Internet, que prometia nos libertar, às vezes nos aprisiona em bolhas de eco, onde só ouvimos o que queremos ouvir, e o diálogo se torna um monólogo. Entretanto, nem tudo está perdido. A Internet ainda é um vasto oceano de possibilidades, onde podemos encontrar solidariedade, empatia e compreensão. ...

A verdadeira riqueza da Internet reside em nossa capacidade de escolher como usar essa linguagem poderosa. Podemos optar por construir pontes em vez de muros, por promover o entendimento em vez da divisão, por usar nossas palavras para curar e não para ferir. ...

Assim como na frase de Shakespeare, a Internet nos ensinou uma nova linguagem. E o lucro que obtemos dela depende de como escolhemos usá-la. Entre as maldições e as bênçãos, está a nossa escolha, e com ela, o poder de moldar o mundo digital à nossa imagem. Que possamos escolher sabiamente, para que a história da Internet seja uma crônica de redenção e não de ruína”.

Eu pouco poderia adicionar ao texto acima. Sobre os cuidados com nossas expressões, em Fédon, de Platão, Sócrates adverte Críton: “Bem sabes, caro Criton, uma linguagem inadequada não apenas ofende, como deteriora a própria alma de quem fala”. Agora que podemos falar com tanto alcance e facilidade, que valorizemos cada palavra.

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Sobre Caliban:
https://www.shakespearegeek.com/2017/03/is-caliban-human.html/


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Resposta completa do ChatGPT a fazer uma analogia entre a frase da Caliban e a Internet:

Era uma vez, em um tempo não tão distante, quando a internet era ainda uma novidade brilhante e desconhecida, uma terra de promessas ilimitadas e horizontes sem fim. Cada clique, cada link, cada página carregada abria uma nova janela para o mundo. Era como se tivéssemos descoberto uma nova linguagem, uma língua franca que nos conectava a milhões de pessoas em todos os cantos do globo. Embarcamos nessa jornada digital com os corações cheios de esperança e os olhos brilhando de curiosidade.

“You taught me language, and my profit on’t Is I know how to curse.” As palavras de Shakespeare ressoam com uma verdade amarga e atual. Aprendemos a linguagem da internet, e com ela ganhamos a capacidade de nos expressar livremente, mas também a habilidade de proferir maldições que ecoam pelos cabos de fibra ótica e antenas de Wi-Fi. A promessa de uma utopia digital, onde todos seriam ouvidos e compreendidos, deu lugar a um campo de batalha verbal, onde as palavras são armas e os emojis, escudos.

No início, a internet era um terreno fértil para a colaboração e o compartilhamento de conhecimento. Fóruns e blogs eram os novos centros comunitários, onde pessoas com interesses comuns se reuniam para discutir, debater e aprender umas com as outras. A Wikipedia, com sua promessa de uma enciclopédia livre e colaborativa, era um farol de esperança, iluminando o caminho para um futuro onde o conhecimento seria acessível a todos.

Mas com o tempo, a linguagem da internet se transformou. A promessa de comunicação ilimitada trouxe consigo a praga da desinformação, das fake news e dos discursos de ódio. O anonimato, que antes era um escudo para a expressão honesta, tornou-se uma máscara para a crueldade e a intolerância. Aprendemos a arte do “troll”, do “cyberbullying”, e das campanhas de difamação que podem destruir vidas com um simples clique.

As redes sociais, concebidas como ferramentas para nos conectar, tornaram-se arenas de competição, onde a validação vem na forma de curtidas e compartilhamentos, e a busca por aprovação pode levar à alienação e ao desespero. A linguagem da internet, que prometia nos libertar, às vezes nos aprisiona em bolhas de eco, onde só ouvimos o que queremos ouvir, e o diálogo se torna um monólogo.

Entretanto, nem tudo está perdido. A internet ainda é um vasto oceano de possibilidades, onde podemos encontrar solidariedade, empatia e compreensão. Movimentos sociais encontram voz e força nas redes, causas justas ganham aliados ao redor do mundo, e histórias de resiliência e coragem nos inspiram a lutar por um futuro melhor.

A verdadeira riqueza da internet reside em nossa capacidade de escolher como usar essa linguagem poderosa. Podemos optar por construir pontes em vez de muros, por promover o entendimento em vez da divisão, por usar nossas palavras para curar e não para ferir. A jornada continua, e a cada dia, cabe a nós decidir se o legado da linguagem da internet será um cântico de esperança ou uma maldição de desespero.

Assim como na frase de Shakespeare, a internet nos ensinou uma nova linguagem. E o lucro que obtemos dela depende de como escolhemos usá-la. Entre as maldições e as bênçãos, está a nossa escolha, e com ela, o poder de moldar o mundo digital à nossa imagem. Que possamos escolher sabiamente, para que a história da internet seja uma crônica de redenção e não de ruína.

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A frase citada, do Fédon de Platão:

"[115e] but shall go away, so that Crito may bear it more easily, and may not be troubled when he sees my body being burnt or buried, or think I am undergoing terrible treatment, and may not say at the funeral that he is laying out Socrates, or following him to the grave, or burying him. For, dear Crito, you may be sure that such wrong words are not only undesirable in themselves, but they infect the soul with evil. No, you must be of good courage, and say that you bury my body,—and bury it".





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